Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!


Descobrir que o problema é pensar. O problema é mergulhar em você e se encontrar, se ouvir. Escutar seus sussurros colados ao pé do seu ouvido. Você não pode se silenciar. Não pode levantar da cadeira e se deixar falando sozinho, pedir licença e ir buscar um café ou até mesmo se enfiar um soco na boca e deixar o sangue reprimir as palavras. Você não pode fazer nada disso. Você senta na plateia de um grande teatro e assiste a um monólogo. Minto. Você senta com você mesmo ou com vários de você. E escuta. Pensar é algo cruel. Ouvir-se é algo cruel.
Passo muito tempo correndo. Não correndo correndo, mas correndo. Esqueço-me do tempo. Esqueço-me de mim. Fujo de mim... Ouço meus gritos desesperados longe demais pra poder dar atenção. Fico ocupado, preocupado, irritado. E não preciso me ouvir. Mas sempre, em algum momento, quando se passam as ocupações e tudo que resta são preocupações e irritações, sou obrigado a me ouvir. Encontro-me. Aqueles encontros desconfortáveis, com pessoas que você não deseja ver, mas que acontecem.  São assim.
Então luto pra não me perder em mim. Pra não perder o controle se é que posso dizer que me controlo. Luto pra não cair de novo. Pra não voltar a tempestade de ideias que já deixei que me consumissem. Pra não reviver um passado que deixo se enfiar ainda em minhas veias. Que ainda me permito viver.
Dou-me esse direito de agir como um velho que reclama da vida que teve porque tenho medo da vida que terei. Não sou um velho e nem tenho tanto do que reclamar assim. Mas sei que me prendi a coisas que não consigo definir, coisas que se espelham no que sou e que eu não queria que fizessem parte de mim. Fico sentindo auto-piedade. Auto-piedade. Escrever sobre isso já não ajuda porque palavras me dão o direito de mascarar o que é. Desenhos me dão o direito de mascarar. Sorrir me dá esse direito e levantar de manhã pra sentir pena de novo me dá esse direito.
Não consigo me encarar. Não consigo saber o que sou. Não sei o que me faz feliz ou o que pode me fazer feliz. Bebo e me alucino porque assim posso não ser nada. Posso ser um bêbado. Eu sei ser isso. Mas o que sei sobre ser eu? O que sei sobre ter meus 20 anos? Reclamaria agora da minha arrogância, mas uso dela o tempo todo. Arma, escudo, tanto faz. Reclamaria do meu egoísmo, do meu egocentrismo, da minha insegurança e acabaria sempre no mesmo lugar. Perdi o rumo das minhas autoanálises e me permiti inventar tudo sobre mim, me permiti não ser. Errei.
Agora, deitado aqui sentindo meu estômago reclamar de uma doença que não posso confirmar que tenho, idealizando palavras que já não me surgem mais, me pergunto como vou acordar amanhã, que “eu” vai sair do chuveiro, que voz e que tom usarei no bom dia e não sei o que dizer. Sei que quero acordar. Mas não sei pra quê. E ao contrário do que diria, não é de agora. Mas é de sempre. Eu nunca resolvi nada.

Só tratei de esconder bem...

Por ainda ter tempo


Descobrir que o problema é pensar. O problema é mergulhar em você e se encontrar, se ouvir. Escutar seus sussurros colados ao pé do seu ouvido. Você não pode se silenciar. Não pode levantar da cadeira e se deixar falando sozinho, pedir licença e ir buscar um café ou até mesmo se enfiar um soco na boca e deixar o sangue reprimir as palavras. Você não pode fazer nada disso. Você senta na plateia de um grande teatro e assiste a um monólogo. Minto. Você senta com você mesmo ou com vários de você. E escuta. Pensar é algo cruel. Ouvir-se é algo cruel.
Passo muito tempo correndo. Não correndo correndo, mas correndo. Esqueço-me do tempo. Esqueço-me de mim. Fujo de mim... Ouço meus gritos desesperados longe demais pra poder dar atenção. Fico ocupado, preocupado, irritado. E não preciso me ouvir. Mas sempre, em algum momento, quando se passam as ocupações e tudo que resta são preocupações e irritações, sou obrigado a me ouvir. Encontro-me. Aqueles encontros desconfortáveis, com pessoas que você não deseja ver, mas que acontecem.  São assim.
Então luto pra não me perder em mim. Pra não perder o controle se é que posso dizer que me controlo. Luto pra não cair de novo. Pra não voltar a tempestade de ideias que já deixei que me consumissem. Pra não reviver um passado que deixo se enfiar ainda em minhas veias. Que ainda me permito viver.
Dou-me esse direito de agir como um velho que reclama da vida que teve porque tenho medo da vida que terei. Não sou um velho e nem tenho tanto do que reclamar assim. Mas sei que me prendi a coisas que não consigo definir, coisas que se espelham no que sou e que eu não queria que fizessem parte de mim. Fico sentindo auto-piedade. Auto-piedade. Escrever sobre isso já não ajuda porque palavras me dão o direito de mascarar o que é. Desenhos me dão o direito de mascarar. Sorrir me dá esse direito e levantar de manhã pra sentir pena de novo me dá esse direito.
Não consigo me encarar. Não consigo saber o que sou. Não sei o que me faz feliz ou o que pode me fazer feliz. Bebo e me alucino porque assim posso não ser nada. Posso ser um bêbado. Eu sei ser isso. Mas o que sei sobre ser eu? O que sei sobre ter meus 20 anos? Reclamaria agora da minha arrogância, mas uso dela o tempo todo. Arma, escudo, tanto faz. Reclamaria do meu egoísmo, do meu egocentrismo, da minha insegurança e acabaria sempre no mesmo lugar. Perdi o rumo das minhas autoanálises e me permiti inventar tudo sobre mim, me permiti não ser. Errei.
Agora, deitado aqui sentindo meu estômago reclamar de uma doença que não posso confirmar que tenho, idealizando palavras que já não me surgem mais, me pergunto como vou acordar amanhã, que “eu” vai sair do chuveiro, que voz e que tom usarei no bom dia e não sei o que dizer. Sei que quero acordar. Mas não sei pra quê. E ao contrário do que diria, não é de agora. Mas é de sempre. Eu nunca resolvi nada.

Só tratei de esconder bem...

Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!