Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

Deixe que essa criança cresça livre. Deixe que ganhe o mundo.
Encha-a de cores, de texturas de sabores.
Deixe que a roupa dela fique suja, deixe que ela brinque com a comida.
Sorria com o brilho dos olhos dela. Sorria com o sorriso dela.
Não destrua os sonhos.
Deixe que eles fluam e faça com que ela desenhe.
Ensine-a a gostar de ler. Mostre esses mundos novos.
Deixe que ela chore e as vezes a faça chorar. Será necessário.
Mas tenha cuidado. Ela precisa de alguns "nãos".
Ela vai quebrar um ou outro osso. Cuide dela.
Ajude-a com as músicas. Acima de tudo não imponha seus gostos.
Ela vai dançar em círculos.
Faça ela sentar de índio. Deixe que ela tenha amigos.
Deixe que esses a influenciem.
Tenha ponderância.
Deixe ela ser um super-herói. Deixe que ela cresça crendo nisso.
Ao passo, ensine-a a fixar os pés. Mostre-a como andar.
Se ela se tornar um sonhador, seja sua realidade.
Ela vai te amar. Vai te odiar. Vai te amar de novo.
Deixe que ela seja criança.
Ela vai ter um futuro, ela será um bom adulto.
Ela vai precisar sentir medo.
Você vai ensiná-la a ter coragem.
Ela vai urinar na cama. Você a ensina a não fazer.
Talvez, ela tire sua paciência. Pense mais um pouco.
Não crie um monstro. Não crie uma máquina.
Crie um ser humano.
Ela vai precisar de sentimentos. De abraços. Beijos.
E um dia vai precisar de mais.
E quando esse dia chegar, quando ela desistir das asas.
Quando não usar mais a roupa de pirata.
Quando pedir as chaves do seu carro e quando bate-lo.
Quando quiser falar sobre sexo, camisinha.
Quando ela deixar de ser sua criança, deixe-a ser seu adulto.
Ela vai precisar de você ainda.
E você, é bom que esteja lá pra ela. Um dia, a criança será dela.

Ah se solto esse sonhador. Se deixo esse meu espírito aventureiro, desgovernado. Ah se não controlo esses planos e devaneios, se me deixo levar pelas minhas crenças, pelos meus complicados e sublimes sonhos.

Ah se eu não acreditasse tanto neles, se perdesse a fé e desistisse deles e deixasse eles ganharem vida, tomarem forma, aprenderem a falar e seguirem o mundo por si próprios, ah como seria. Seriam tão maiores e tão mais esplêndidos.

Mas controlo-os. Seguro esse crente que existe em mim. Esse sonhador que se ilude com o mundo que o cerca, que se engana com seus iguais e se enche de emoçao quando vê uma centelha daquilo que acha que é verdade acontecer.

Esse cara que gosta de palavras amigas e adora olhar o céu e que vê nas estrelas dimensões que nunca vão existir. Esse que enquanto dorme está acordado e se admira de fascinação enquanto mantém os olhos abertos.

Parafraseando a parte, mas seguro esse pássaro azul. Dele tiro forças pra continuar seguindo e ele tira de mim as cores pra pintar seu proprio mundo. Simbiose tamanha que não existimos sozinhos. Que bom que ainda sorrio.

Brincava de não ver a poesia e não usar de lirismo. São mais fortes, mais felizes esses que não enxergam tristeza e nem drama a não ser que estes pulem nos seus olhos. Mas perdem tantas cores. Antes de pensar em coisas como essas, via o mundo sem graça e cinza e nem precisava me preocupar. Ele era bom e justo daquele jeito.

Mas pensar é um fardo tão sem graça. Ver um sentido diferente é tão dolorido.

Só que uma vez que você conhece esse outro mundo, uma vez que você pensa e o entende em uma fagulha, essa única vez é suficiente. Diga adeus a seus amigos, adeus a seus familiares. Aprenda a viver com sua sombra, aprenda a gostar desse novo mundo. Uma vez visto é suficiente pra te transformar.

E é assim, quase simples. Quase imperceptível.

É a sua percepção que mudou. Seus sentimentos que encolheram, sua fome de conhecer que aumentou. Quer ter o universo preso em uma gaiola. Quer ter todas as dimensões presas na cabeça. Admita que você gosta de ser infeliz. Gosta de sentir esse prazer amargo de não ser mais um naquele mundo cinza.

Aí pare e reflita de novo. Pare e preste um pouco mais de atenção.
Só não queira deixar de viver.

E quando eu parar de fingir que te amo?
Quando cansar de alisar seu cabelo,
Massagear seus pés,
Beijar suas orelhas
E morder seu mamilo?

Diz que vai sentir minha falta,
fala que se arrepende
das palavras rasgadas,
dos tapas não dados,
da vida míseravel.

Grite, grite mesmo
Piranha sem emoções
Grite e esperneie
Na rua, na calçada.
Ah, se eu fingisse...

Mas mantenho tudo assim
Sigo te amando.
Sentindo o gosto do seu lábio,
Acordando com seu olhar.
Seguindo.

Como (des)criar

Deixe que essa criança cresça livre. Deixe que ganhe o mundo.
Encha-a de cores, de texturas de sabores.
Deixe que a roupa dela fique suja, deixe que ela brinque com a comida.
Sorria com o brilho dos olhos dela. Sorria com o sorriso dela.
Não destrua os sonhos.
Deixe que eles fluam e faça com que ela desenhe.
Ensine-a a gostar de ler. Mostre esses mundos novos.
Deixe que ela chore e as vezes a faça chorar. Será necessário.
Mas tenha cuidado. Ela precisa de alguns "nãos".
Ela vai quebrar um ou outro osso. Cuide dela.
Ajude-a com as músicas. Acima de tudo não imponha seus gostos.
Ela vai dançar em círculos.
Faça ela sentar de índio. Deixe que ela tenha amigos.
Deixe que esses a influenciem.
Tenha ponderância.
Deixe ela ser um super-herói. Deixe que ela cresça crendo nisso.
Ao passo, ensine-a a fixar os pés. Mostre-a como andar.
Se ela se tornar um sonhador, seja sua realidade.
Ela vai te amar. Vai te odiar. Vai te amar de novo.
Deixe que ela seja criança.
Ela vai ter um futuro, ela será um bom adulto.
Ela vai precisar sentir medo.
Você vai ensiná-la a ter coragem.
Ela vai urinar na cama. Você a ensina a não fazer.
Talvez, ela tire sua paciência. Pense mais um pouco.
Não crie um monstro. Não crie uma máquina.
Crie um ser humano.
Ela vai precisar de sentimentos. De abraços. Beijos.
E um dia vai precisar de mais.
E quando esse dia chegar, quando ela desistir das asas.
Quando não usar mais a roupa de pirata.
Quando pedir as chaves do seu carro e quando bate-lo.
Quando quiser falar sobre sexo, camisinha.
Quando ela deixar de ser sua criança, deixe-a ser seu adulto.
Ela vai precisar de você ainda.
E você, é bom que esteja lá pra ela. Um dia, a criança será dela.

Se for pra sonhar...

Ah se solto esse sonhador. Se deixo esse meu espírito aventureiro, desgovernado. Ah se não controlo esses planos e devaneios, se me deixo levar pelas minhas crenças, pelos meus complicados e sublimes sonhos.

Ah se eu não acreditasse tanto neles, se perdesse a fé e desistisse deles e deixasse eles ganharem vida, tomarem forma, aprenderem a falar e seguirem o mundo por si próprios, ah como seria. Seriam tão maiores e tão mais esplêndidos.

Mas controlo-os. Seguro esse crente que existe em mim. Esse sonhador que se ilude com o mundo que o cerca, que se engana com seus iguais e se enche de emoçao quando vê uma centelha daquilo que acha que é verdade acontecer.

Esse cara que gosta de palavras amigas e adora olhar o céu e que vê nas estrelas dimensões que nunca vão existir. Esse que enquanto dorme está acordado e se admira de fascinação enquanto mantém os olhos abertos.

Parafraseando a parte, mas seguro esse pássaro azul. Dele tiro forças pra continuar seguindo e ele tira de mim as cores pra pintar seu proprio mundo. Simbiose tamanha que não existimos sozinhos. Que bom que ainda sorrio.

Sobre visões

Brincava de não ver a poesia e não usar de lirismo. São mais fortes, mais felizes esses que não enxergam tristeza e nem drama a não ser que estes pulem nos seus olhos. Mas perdem tantas cores. Antes de pensar em coisas como essas, via o mundo sem graça e cinza e nem precisava me preocupar. Ele era bom e justo daquele jeito.

Mas pensar é um fardo tão sem graça. Ver um sentido diferente é tão dolorido.

Só que uma vez que você conhece esse outro mundo, uma vez que você pensa e o entende em uma fagulha, essa única vez é suficiente. Diga adeus a seus amigos, adeus a seus familiares. Aprenda a viver com sua sombra, aprenda a gostar desse novo mundo. Uma vez visto é suficiente pra te transformar.

E é assim, quase simples. Quase imperceptível.

É a sua percepção que mudou. Seus sentimentos que encolheram, sua fome de conhecer que aumentou. Quer ter o universo preso em uma gaiola. Quer ter todas as dimensões presas na cabeça. Admita que você gosta de ser infeliz. Gosta de sentir esse prazer amargo de não ser mais um naquele mundo cinza.

Aí pare e reflita de novo. Pare e preste um pouco mais de atenção.
Só não queira deixar de viver.

Porque é sempre por nao ser.

E quando eu parar de fingir que te amo?
Quando cansar de alisar seu cabelo,
Massagear seus pés,
Beijar suas orelhas
E morder seu mamilo?

Diz que vai sentir minha falta,
fala que se arrepende
das palavras rasgadas,
dos tapas não dados,
da vida míseravel.

Grite, grite mesmo
Piranha sem emoções
Grite e esperneie
Na rua, na calçada.
Ah, se eu fingisse...

Mas mantenho tudo assim
Sigo te amando.
Sentindo o gosto do seu lábio,
Acordando com seu olhar.
Seguindo.

Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!