Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

E se pudesse desejaria felicidade. Ia querer que ela se libertasse da presença constante dele no seu coração e seguisse a vida. Não era indiferença da parte dele. Só não se sentia no direito de ter o controle sobre o amor que ela sentia. Ele não queria ser responsável por aquilo. E não era por falta de amor, porque deus sabia quanto amor ele guardava dentro dele. Era só inabilidade. Queria que ela fosse porque não podia dar a felicidade que esperava que ela tivesse. Mas como desejaria felicidade pra ela, como esperaria que ela encontrasse isso em outros braços se seria o mesmo que se banhar em uma poça de veneno e amargurar o doce sabor da perca? Como ele diria "então vá, baby, encontre os segredos do mundo, vá sem mim e nos braços de outro encontre aquilo que não quis te dar"? Como ele diria isso, se ela era o ar e a água, se naquela menina ele encontrava razões para se desafiar a sair da cama nas manhãs nubladas, fazer o café e dizer bom-dia. Era nela que pensava quando construia castelos no ar e elevava casas na areia. Quando mobiliava quartos de paraná e rascunhava blocos vazios tentando encaixar existências tão afim. Se quando ele trocava o tênis ao sair era só porque ela não gostava do seu tênis velho e confortável. Se ele largara os cigarros porque ela ficava com o nariz vermelho e a voz enroscada. Se ele deixara de lado seus filmes bobos, porque com ela entendia aqueles filmes sem sentido. Não mudou por ela, só se adaptou. E como deixaria a adaptação de lado pra mandá-la embora. Não queria o amor dela, mas não sabia como viver sem ele. Não queria se responsabilizar, mas há muito já a tinha cativada, acuada. Tinha se cativado e por ser frio demais pra aceitar desejava que ela o deixasse com seus motivos pra não querer viver. Ela o enchia de uma força que ele gostava de ter perdido.

Tenho a mente cheia de merdas

Envenenada pelas doenças de minha geração
Geração que supera o moderno
Sem se modernizar

(Que se considera contemporânea
Vivendo das glórias do passado.)

Tenho a memória cheia de lapsos,
Criados pelas drogas de todos os tempos
Drogas radioativas, raivosas
Nervosas em seu novo passado.

Tenho a cabeça perdida em pensamentos
Que agem como balas
Perfuram ideias, explodem conceitos
Abusam das lentas novidades.

Tenho a alma fraturada pela vida
Rasgada, queimada, desonrada.
Nas inspirações e nas expirações
Em cada movimento torácico.

Maldito corpo flagelado
Morto e vivo
Desencontrado em seu caminho
Andante de um mundo que não escolheu pra si.

(triste sorriso que se desembaraça
num dia tão nublado)

Estava sentado no meu sofá, pensando. Pensei nas coisas que aprendi e nas que eu deixei de lado por acidente ou de propósito. Vi o tempo passar, mais rápido do que eu estava acostumado. Vi tudo correr, em velocidades que não pude acompanhar. O mundo quis rodar, tudo enquanto não saí do sofá.


E se pudesse desejaria felicidade. Ia querer que ela se libertasse da presença constante dele no seu coração e seguisse a vida. Não era indiferença da parte dele. Só não se sentia no direito de ter o controle sobre o amor que ela sentia. Ele não queria ser responsável por aquilo. E não era por falta de amor, porque deus sabia quanto amor ele guardava dentro dele. Era só inabilidade. Queria que ela fosse porque não podia dar a felicidade que esperava que ela tivesse. Mas como desejaria felicidade pra ela, como esperaria que ela encontrasse isso em outros braços se seria o mesmo que se banhar em uma poça de veneno e amargurar o doce sabor da perca? Como ele diria "então vá, baby, encontre os segredos do mundo, vá sem mim e nos braços de outro encontre aquilo que não quis te dar"? Como ele diria isso, se ela era o ar e a água, se naquela menina ele encontrava razões para se desafiar a sair da cama nas manhãs nubladas, fazer o café e dizer bom-dia. Era nela que pensava quando construia castelos no ar e elevava casas na areia. Quando mobiliava quartos de paraná e rascunhava blocos vazios tentando encaixar existências tão afim. Se quando ele trocava o tênis ao sair era só porque ela não gostava do seu tênis velho e confortável. Se ele largara os cigarros porque ela ficava com o nariz vermelho e a voz enroscada. Se ele deixara de lado seus filmes bobos, porque com ela entendia aqueles filmes sem sentido. Não mudou por ela, só se adaptou. E como deixaria a adaptação de lado pra mandá-la embora. Não queria o amor dela, mas não sabia como viver sem ele. Não queria se responsabilizar, mas há muito já a tinha cativada, acuada. Tinha se cativado e por ser frio demais pra aceitar desejava que ela o deixasse com seus motivos pra não querer viver. Ela o enchia de uma força que ele gostava de ter perdido.

Pelos meus

Tenho a mente cheia de merdas
Envenenada pelas doenças de minha geração
Geração que supera o moderno
Sem se modernizar

(Que se considera contemporânea
Vivendo das glórias do passado.)

Tenho a memória cheia de lapsos,
Criados pelas drogas de todos os tempos
Drogas radioativas, raivosas
Nervosas em seu novo passado.

Tenho a cabeça perdida em pensamentos
Que agem como balas
Perfuram ideias, explodem conceitos
Abusam das lentas novidades.

Tenho a alma fraturada pela vida
Rasgada, queimada, desonrada.
Nas inspirações e nas expirações
Em cada movimento torácico.

Maldito corpo flagelado
Morto e vivo
Desencontrado em seu caminho
Andante de um mundo que não escolheu pra si.

(triste sorriso que se desembaraça
num dia tão nublado)
Estava sentado no meu sofá, pensando. Pensei nas coisas que aprendi e nas que eu deixei de lado por acidente ou de propósito. Vi o tempo passar, mais rápido do que eu estava acostumado. Vi tudo correr, em velocidades que não pude acompanhar. O mundo quis rodar, tudo enquanto não saí do sofá.

Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!