Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

"— Todos os seus livros valiosos têm histórias semelhantes? — perguntou Eddie. —
Quer dizer, alguma espécie de coincidência os torna valiosos, e não apenas os textos em si?
Tower riu.

— Meu rapaz, a maioria das pessoas que coleciona livros raros nem chega a abrir
suas aquisições. Abrir e fechar um livro danifica a lombada. Daí prejudica o preço de revenda.

— Isso não lhe parece um comportamento meio doentio?

— De jeito nenhum — disse Tower, mas um rubor denunciador lhe subiu pela face.
Parecia que parte dele concordava com Eddie. — Se um cliente gasta 8 mil dólares numa
primeira edição assinada do Tess dos D’Urbevilles, de Hardy, faz perfeito sentido pôr o livro
num lugar seguro, onde possa ser admirado mas não tocado. Se o cara quiser realmente
ler a história, que compre uma brochura da Vintage.

— Você acredita nisso — disse Eddie, fascinado. — Você acredita mesmo nisso.

— Bem... sim. Os livros podem ser objetos de grande valor. Esse valor é criado de
várias formas. Às vezes, basta a assinatura do autor para criá-lo. Outras, como neste caso, é
um erro de tipografia. Às vezes é uma primeira impressão, primeira edição, extremamente
pequena. E alguma coisa disso tem a ver com o motivo que o trouxe aqui, Sr. Dean? É sobre
isso que queria... confabular?

— Não, acho que não."

Eddie Dean e Calvin Tower em A Torre Negra V - Lobos de Calla.
Mas lá no fundo, sou eu pensando na minha obsessão.

Queria ser só um louco que te liga de vez em quando. Aquela espécie de louco que faz você pensar em trocar o número do celular, que faz você pensar no porquê de um dia vocês terem ficado juntos. Ser o tipo de louco que te vigia da esquina. Aquele louco que você queria muito que morresse ou que fosse internado. Mas não sou... e pior ainda que isso é que você também sabe que não. E você não me quer morto, nem internado. Você me quer só assim, como deve ser. E é isso que torna as coisas mais complicadas. É mais fácil aceitar a sua recusa do que acreditar que não podemos. De novo, não podemos.

E não preciso nem das sua voz, nem das suas risadas. Minha loucura grita pela sua pele, pela sua mão suada. Pelo seu cabelo (des)arrumado. Só queria sua presença. Hora errada pra esse tipo de drama...

In The End
Scott Matthews

We all bear the scars.
Yes, we all fail in love.
We all sigh in the dark;
get cut off before we start.

And as the first act begins,
you realize they're all waiting
for a fall, for a flaw,
for the end.

There's a path stained with tears,
could you talk to quiet my fears?
Could you pull me aside,
just to acknowledge that I've tried?

And as your last breath begins,
contently take it in,
because we all get it in
the end.

And as your last breath begins,
you find your demon's your best friend.
And we all get it in
the end.


CLIQUE

Ela só falou que amar não valia a pena
Ela disse que não acreditava em amor
Ela avisou que não queria nada sério
Ela apagou as lacunas em que ele estava

Quem é cruel agora?

Ele disse que amava
Ele disse que podia morrer num sorriso
Ele fez o pedido
Ele escreveu pra tentar não esquecer.

Quem é o bobo agora?

Eles sorriram um pro outro
Eles se destruiram
Eles correram no meio das pessoas
Eles tentaram ser feliz.

Quem está mentindo agora?

Os outros disseram que não daria
Os outros invejaram
Os outros simplesmente foram outros(as)
Outros foram o inferno.

Quem pode ser culpado?

Eu fiquei aqui olhando.
Eu vi minha face no espelho.
Eu sorri pra tentar negar.
Eu não fiz nada.

Quem faria diferente?

Sempre fui o tipo de cara que não era a segurança. Fui aquele que preferia não agir, não gritar. Fui quem deixou de se importar pra simplesmente poder passar em cinza pelos lugares. Andei pelas ruas tentando me esconder até do vento. Não acreditei em mim, nos meus sonhos. Pisei nas minhas ilusões pra poder imaginar um mundo de casas de cera. Coloquei meu capuz e me arrastei por calçadas tentando não chamar atenção. Fingi risos e discuti sobre outras opiniões que não as minhas. Fiquei sentado vendo meus filmes esperando o mundo lá fora correr, girar, explodir e levar todos dele. Li meus livros porque neles a história não era a minha. Escutei minhas musicas baixinho porque preferi que ninguém procurasse daonde aquele som vinha. Tomava meu banho, me deitava e via o teto. Ali era o lugar mais seguro. Na minha jaula, era só eu. Nos meus desenhos, colocava todo o grafite que injetei em meu sangue. Todo o preto. Não tratavasse de viver. Tratavasse de não morrer. Não podia acreditar nas minhas próprias mentiras, não podia me concretizar em não existir. Nas garrafas e cigarros jogados pela sala, via a vastidão do meu próprio minimalismo. Eu não era. Eu não tinha. O sabor insosso de lugares, prédios. O gostar da sensação de não sentir. A distância de tudo. Então, um dia você me notou.

E eu percebi que fugia à toa.

Lá nos livros...

"— Todos os seus livros valiosos têm histórias semelhantes? — perguntou Eddie. —
Quer dizer, alguma espécie de coincidência os torna valiosos, e não apenas os textos em si?
Tower riu.

— Meu rapaz, a maioria das pessoas que coleciona livros raros nem chega a abrir
suas aquisições. Abrir e fechar um livro danifica a lombada. Daí prejudica o preço de revenda.

— Isso não lhe parece um comportamento meio doentio?

— De jeito nenhum — disse Tower, mas um rubor denunciador lhe subiu pela face.
Parecia que parte dele concordava com Eddie. — Se um cliente gasta 8 mil dólares numa
primeira edição assinada do Tess dos D’Urbevilles, de Hardy, faz perfeito sentido pôr o livro
num lugar seguro, onde possa ser admirado mas não tocado. Se o cara quiser realmente
ler a história, que compre uma brochura da Vintage.

— Você acredita nisso — disse Eddie, fascinado. — Você acredita mesmo nisso.

— Bem... sim. Os livros podem ser objetos de grande valor. Esse valor é criado de
várias formas. Às vezes, basta a assinatura do autor para criá-lo. Outras, como neste caso, é
um erro de tipografia. Às vezes é uma primeira impressão, primeira edição, extremamente
pequena. E alguma coisa disso tem a ver com o motivo que o trouxe aqui, Sr. Dean? É sobre
isso que queria... confabular?

— Não, acho que não."

Eddie Dean e Calvin Tower em A Torre Negra V - Lobos de Calla.
Mas lá no fundo, sou eu pensando na minha obsessão.
Queria ser só um louco que te liga de vez em quando. Aquela espécie de louco que faz você pensar em trocar o número do celular, que faz você pensar no porquê de um dia vocês terem ficado juntos. Ser o tipo de louco que te vigia da esquina. Aquele louco que você queria muito que morresse ou que fosse internado. Mas não sou... e pior ainda que isso é que você também sabe que não. E você não me quer morto, nem internado. Você me quer só assim, como deve ser. E é isso que torna as coisas mais complicadas. É mais fácil aceitar a sua recusa do que acreditar que não podemos. De novo, não podemos.

E não preciso nem das sua voz, nem das suas risadas. Minha loucura grita pela sua pele, pela sua mão suada. Pelo seu cabelo (des)arrumado. Só queria sua presença. Hora errada pra esse tipo de drama...

In The End
Scott Matthews

We all bear the scars.
Yes, we all fail in love.
We all sigh in the dark;
get cut off before we start.

And as the first act begins,
you realize they're all waiting
for a fall, for a flaw,
for the end.

There's a path stained with tears,
could you talk to quiet my fears?
Could you pull me aside,
just to acknowledge that I've tried?

And as your last breath begins,
contently take it in,
because we all get it in
the end.

And as your last breath begins,
you find your demon's your best friend.
And we all get it in
the end.


CLIQUE

Ela só falou que amar não valia a pena
Ela disse que não acreditava em amor
Ela avisou que não queria nada sério
Ela apagou as lacunas em que ele estava

Quem é cruel agora?

Ele disse que amava
Ele disse que podia morrer num sorriso
Ele fez o pedido
Ele escreveu pra tentar não esquecer.

Quem é o bobo agora?

Eles sorriram um pro outro
Eles se destruiram
Eles correram no meio das pessoas
Eles tentaram ser feliz.

Quem está mentindo agora?

Os outros disseram que não daria
Os outros invejaram
Os outros simplesmente foram outros(as)
Outros foram o inferno.

Quem pode ser culpado?

Eu fiquei aqui olhando.
Eu vi minha face no espelho.
Eu sorri pra tentar negar.
Eu não fiz nada.

Quem faria diferente?
Sempre fui o tipo de cara que não era a segurança. Fui aquele que preferia não agir, não gritar. Fui quem deixou de se importar pra simplesmente poder passar em cinza pelos lugares. Andei pelas ruas tentando me esconder até do vento. Não acreditei em mim, nos meus sonhos. Pisei nas minhas ilusões pra poder imaginar um mundo de casas de cera. Coloquei meu capuz e me arrastei por calçadas tentando não chamar atenção. Fingi risos e discuti sobre outras opiniões que não as minhas. Fiquei sentado vendo meus filmes esperando o mundo lá fora correr, girar, explodir e levar todos dele. Li meus livros porque neles a história não era a minha. Escutei minhas musicas baixinho porque preferi que ninguém procurasse daonde aquele som vinha. Tomava meu banho, me deitava e via o teto. Ali era o lugar mais seguro. Na minha jaula, era só eu. Nos meus desenhos, colocava todo o grafite que injetei em meu sangue. Todo o preto. Não tratavasse de viver. Tratavasse de não morrer. Não podia acreditar nas minhas próprias mentiras, não podia me concretizar em não existir. Nas garrafas e cigarros jogados pela sala, via a vastidão do meu próprio minimalismo. Eu não era. Eu não tinha. O sabor insosso de lugares, prédios. O gostar da sensação de não sentir. A distância de tudo. Então, um dia você me notou.

E eu percebi que fugia à toa.

Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!