E ela era assim, a menina que ele tinha desenhado em folhas de caderno, pautadas em linhas ciano. Tinha as curvas dos recortes topográficos dos morros baseados em peitos e bundas que ele cansou de riscar. Os cabelos voados escuros como o nanquim que teimava em manchar as folhas de baixo. Menina que ele gostava de florear nos sonhos de jardins proibidos, nos pesadelos de luxuriosos infernos. Exatamente a menina que surgia, sempre que ele podia se divertir sozinho, com obscenidades de segredo, segredos desnecessários.
Era a menina virtual, que ouviria Billie Holliday com ele achando sexy e não parada. Que o mostraria um mundo art-nouveau, um mundo barroco, de curvas e luzes dramáticas, de cenas inesperadas com pontos de vista forçados. Trancados em casa as paredes seriam góticas e a vontade de tocar o céu seria exasperada nos gritos que seriam arrancados pelo sexo que ambos repitiriam num ritmo inegável.
E era ela ali, tocável, palpável, como uma viga clássica fincada no alto da encosta, que se arrastaria por milhares de anos. Cena eterna de filme mudo que queima na carne a imagem que um dia você talvez queira esquecer. Ela com os cabelos pretos, o corpo geográfico e o sorriso lunático de madrugadas viradas a imaginar. Imaginar.
Vai, e conversa com ela.
Postado por
Guii
on quinta-feira, 19 de abril de 2012
E ela era assim, a menina que ele tinha desenhado em folhas de caderno, pautadas em linhas ciano. Tinha as curvas dos recortes topográficos dos morros baseados em peitos e bundas que ele cansou de riscar. Os cabelos voados escuros como o nanquim que teimava em manchar as folhas de baixo. Menina que ele gostava de florear nos sonhos de jardins proibidos, nos pesadelos de luxuriosos infernos. Exatamente a menina que surgia, sempre que ele podia se divertir sozinho, com obscenidades de segredo, segredos desnecessários.
Era a menina virtual, que ouviria Billie Holliday com ele achando sexy e não parada. Que o mostraria um mundo art-nouveau, um mundo barroco, de curvas e luzes dramáticas, de cenas inesperadas com pontos de vista forçados. Trancados em casa as paredes seriam góticas e a vontade de tocar o céu seria exasperada nos gritos que seriam arrancados pelo sexo que ambos repitiriam num ritmo inegável.
E era ela ali, tocável, palpável, como uma viga clássica fincada no alto da encosta, que se arrastaria por milhares de anos. Cena eterna de filme mudo que queima na carne a imagem que um dia você talvez queira esquecer. Ela com os cabelos pretos, o corpo geográfico e o sorriso lunático de madrugadas viradas a imaginar. Imaginar.
Vai, e conversa com ela.
1 comentários:
- Rosana disse...
-
Triste concordar e me identificar com cada palavra acrescentando apenas alguns anos, o que torna tudo ainda mais "deprimente"
-
11 de julho de 2012 às 22:23
1 comentários:
Triste concordar e me identificar com cada palavra acrescentando apenas alguns anos, o que torna tudo ainda mais "deprimente"
Postar um comentário