Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

Meu bem, se soubesses quanto odeio que te aches normal. Quanto odeio essa tua linha reta e esse teu hálito cheiroso. Quanto odeio que me faças me enquadrar. Vejo em tuas lágrimas e em teu discurso a fragilidade de tua normalidade, a estúpida mentira que tu vestes todo dia, feita do tecido que tecestes meu uniforme. Ah meu bem, desculpa. Desculpa mas hoje quis te esfaquear. Quis que como lâminas afiadas minhas palavras te atravessassem, te perfurassem, te rasgassem, dilacerassem  cada pedaço da tua carne.

Te libertaria meu amor. Te despiria da hipocrisia dos nossos atos, da estúpida vida que construímos para todos nós. E tu não morrerias. Sangaria o sangue podre e azul das morais erguidas em berços de alumínio torcido, de madeira compensada. Choraria as lágrimas das crenças descontruídas e seus olhos queimariam como se as chamas de sete infernos caissem sobre eles, seus ouvidos vibrariam com a voz de todos os anjos caídos e tu acordarias numa viagem de ácido.

Quando tudo acabasse, quando minhas lâminas estivessem cegas de tanto tocar seus ossos e tuas virtudes, quando estivesse seco e cansado das verdades disparadas insensíveis e monstruosas sobre tua pele de sonhos destruídos te encontraria nua e apavorada, perdida no caminho que nunca levou a lugar nenhum. Seus olhos logo se acostumariam com a luz, seu nariz logo inspiraria o novo ar e teu velho corpo logo retornaria ao pó de onde veio.

Mas tive pena meu amor e deixei que tu levastes tuas lágrimas para a cama e as cobrisse com o lençol de algodão, enquanto eu, anestesiado, tirava o uniforme da máquina, o colocava na mala e saia pela porta.

Mais uma vez.

Sempre olhando pra trás.

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Fatias mi cariño

Meu bem, se soubesses quanto odeio que te aches normal. Quanto odeio essa tua linha reta e esse teu hálito cheiroso. Quanto odeio que me faças me enquadrar. Vejo em tuas lágrimas e em teu discurso a fragilidade de tua normalidade, a estúpida mentira que tu vestes todo dia, feita do tecido que tecestes meu uniforme. Ah meu bem, desculpa. Desculpa mas hoje quis te esfaquear. Quis que como lâminas afiadas minhas palavras te atravessassem, te perfurassem, te rasgassem, dilacerassem  cada pedaço da tua carne.

Te libertaria meu amor. Te despiria da hipocrisia dos nossos atos, da estúpida vida que construímos para todos nós. E tu não morrerias. Sangaria o sangue podre e azul das morais erguidas em berços de alumínio torcido, de madeira compensada. Choraria as lágrimas das crenças descontruídas e seus olhos queimariam como se as chamas de sete infernos caissem sobre eles, seus ouvidos vibrariam com a voz de todos os anjos caídos e tu acordarias numa viagem de ácido.

Quando tudo acabasse, quando minhas lâminas estivessem cegas de tanto tocar seus ossos e tuas virtudes, quando estivesse seco e cansado das verdades disparadas insensíveis e monstruosas sobre tua pele de sonhos destruídos te encontraria nua e apavorada, perdida no caminho que nunca levou a lugar nenhum. Seus olhos logo se acostumariam com a luz, seu nariz logo inspiraria o novo ar e teu velho corpo logo retornaria ao pó de onde veio.

Mas tive pena meu amor e deixei que tu levastes tuas lágrimas para a cama e as cobrisse com o lençol de algodão, enquanto eu, anestesiado, tirava o uniforme da máquina, o colocava na mala e saia pela porta.

Mais uma vez.

Sempre olhando pra trás.

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Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!