Tinha os trejeitos do pai. O mesmo olho, o mesmo andar, até o mesmo jeito de falar. Chegavam até a pensar igual. Eram tão parecidos, que pareciam tão diferentes. Aos seus próprios olhos, não podiam enchergar-se. Aos próprios ouvidos, berravam para vencer o abismo entre si.
O abismo não surgiu do nada. O que antes era um ou outro buraco no caminho foi crescendo. Cresceu, cresceu, e antes que qualquer um deles pudesse perceber, já se encontravam tão distantes, tão cotidianamente separados, que já não sentiam mais. Eram tão vazios quanto o espaço que existia entre os dois.
Não eram inimigos. Não cravaram brigas férreas, nem levantaram nenhum motim familiar. Não se acusaram com meias verdades, nem se convenceram com falsas mentiras. Mas mesmo assim, também não eram amigos. Compartilhavam a mesa. O sofá. Poderiam compartilhar até mesmo o chão. Mas eram movimentos frios, repetitivos. Estavam exaustos de si próprios.
A mãe era um ser invisível. O filho não via o pai. O pai não via o filho. E nenhum dos dois via mais a mãe. Morrerá ou não, todos tinham suas coisas pra cuidar. E ela, sem importância ou delegância era só mais uma mãe.
Assim eram eles. Sem cor nem odor nem papel nem conhecimento. Existiam pelo simples motivo de respirarem. Eram tão clichês e tão fascinantes quanto qualquer outro alguém. Tinham seus ganhos, suas perdas. Não tinham nada. Não tinham nem um ao outro. Eram máquinas tão sedentas por desejos-vãs que já não eram coisa alguma.
Por não se perceberem, o pai não viu o filho barbado. O filho não viu o pai irritado. Os dois não se viram em momentos estragados. Por não se perceberem, um dia o filho acordou e o pai não. No outro dia o filho acordou, mas o pai continuava dormindo. E no outro, e no outro e no outro, o pai continuou dormindo.
Quando o filho deu por si, seu pai já havia morrido. Mas nessa história todos têm suas coisas pra fazer...
Já não há dor em não sentir.
O abismo não surgiu do nada. O que antes era um ou outro buraco no caminho foi crescendo. Cresceu, cresceu, e antes que qualquer um deles pudesse perceber, já se encontravam tão distantes, tão cotidianamente separados, que já não sentiam mais. Eram tão vazios quanto o espaço que existia entre os dois.
Não eram inimigos. Não cravaram brigas férreas, nem levantaram nenhum motim familiar. Não se acusaram com meias verdades, nem se convenceram com falsas mentiras. Mas mesmo assim, também não eram amigos. Compartilhavam a mesa. O sofá. Poderiam compartilhar até mesmo o chão. Mas eram movimentos frios, repetitivos. Estavam exaustos de si próprios.
A mãe era um ser invisível. O filho não via o pai. O pai não via o filho. E nenhum dos dois via mais a mãe. Morrerá ou não, todos tinham suas coisas pra cuidar. E ela, sem importância ou delegância era só mais uma mãe.
Assim eram eles. Sem cor nem odor nem papel nem conhecimento. Existiam pelo simples motivo de respirarem. Eram tão clichês e tão fascinantes quanto qualquer outro alguém. Tinham seus ganhos, suas perdas. Não tinham nada. Não tinham nem um ao outro. Eram máquinas tão sedentas por desejos-vãs que já não eram coisa alguma.
Por não se perceberem, o pai não viu o filho barbado. O filho não viu o pai irritado. Os dois não se viram em momentos estragados. Por não se perceberem, um dia o filho acordou e o pai não. No outro dia o filho acordou, mas o pai continuava dormindo. E no outro, e no outro e no outro, o pai continuou dormindo.
Quando o filho deu por si, seu pai já havia morrido. Mas nessa história todos têm suas coisas pra fazer...
Já não há dor em não sentir.
1 comentários:
gotei!
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