Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

Eu costumava ter alguém pra falar de mim. Ter alguém pra falar das cooisas que penso e daquilo que não imagino. Costumava ver isso do meu lado e podia ser quase que totalmente. Eu costumava tentar ser quase totalmente. Mas eu me acostumo a muita coisa. E de algumas poucas, acabo me adaptando errado. Então peguei e deixei esse alguém. E fiz bem, porque estou bem agora. Não bem, bem, mas bem, quem está bem?

E sabe, eu também achei por um tempo que eu era plenamente auto-suficiente. Achei que todo tempo com alguém era um tempo a menos comigo. E me adequei tanto a só ter tempos comigos que fui deixando todo mundo com seus próprios tempos... mas fiquei sozinho. E puta, quando fiquei sozinho tive tanto tempo pra mim, que mim sentiu saudade do eu com os outros. Sentiu saudade daqueles momentos. Que droga...

Porque eu costumava não me criar problemas. Ah eu era tão bom nisso que meus pais teriam medo do meu poder de desvio, de ilusão, de inexistência. E por não criá-los acabei com aqueles que inventaram pra mim. Mas não culpo os outros. Aquele que se fechou no seu mundo, quando conseguiu voltar pro mundo alheio sofreu pra se adaptar. Não se adaptou, morreu. Bem assim mesmo.

E hoje fico com saudades. Fico de novo com saudades. E não é saudade dela. É saudade de tudo. Sinto saudades de cada riso que dei nos meus anos anteriores, sinto saudade de poder ser vento, de poder não ser nada. Saudade de sentar no chão, de deitar na água. Ah, como eu sinto saudades de poder ficar bravo com meus compromissos, de poder querer voltar pra casa, de não querer ir e não querer estar, de querer correr, beber, comer. Saudades de momentos em que me surpreendia com o mundo, saudades que pessoas que me surpreendiam só por existir, saudades de músicas que me faziam rir e chorar. Eu tenho saudades de poder chorar. Saudades de quando não me sentia seco, insensível, amargurado, de quando eu não sentia prazer em ser chato, em ser ruim, de quando meu prazer vinha de coisas prazerosas. Saudades de quando eu era mais humano, saudades de momentos que não precisei apagar pra me manter adequadamente sano, ai que saudades sinto da minha inocência. Que saudades sinto de ser enganado e não sofrer, aquela saudades de quando eu não tinha um coração embrulhado apertado demais e quando sentia ele bater livremente. Saudades de não ter, não querer e deixar que pessoas chegassem e saissem da minha vida de acordo com o que podiamos nos dar naquele momento. Porque eu sinto uma saudades louca de morrer todo dia e acordar de manhã sem querer ver o sol, eu sinto uma saudades desgraçada de não ser eu, uma saudades doentia de não querer ser alguém, ah aquela saudades dos banhos maltomados na chuva e do barro grudado na minha unha, saudades de ser tão raquítico que precisava de pregas nas minhas calças e saudades das minhas roupas com velcro e elásticos, saudades de quando odiava ser criança e saudades de quando odiei começar a ser adulto. Saudades bobas de encontrar quem eu amo no onibus e saudades de quando não amava ninguém pra encontrar. Tenho tantas saudades, que sinto saudades das fontes que deixei de usar, das histórias que não li e de momentos que só fingi viver. Sinto saudades de quando acreditava em mudanças, saudades de quando não acreditava em nada. Eu sinto saudades.

Eu não sinto nada; ah eu nem sou.

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O de sempre.

Eu costumava ter alguém pra falar de mim. Ter alguém pra falar das cooisas que penso e daquilo que não imagino. Costumava ver isso do meu lado e podia ser quase que totalmente. Eu costumava tentar ser quase totalmente. Mas eu me acostumo a muita coisa. E de algumas poucas, acabo me adaptando errado. Então peguei e deixei esse alguém. E fiz bem, porque estou bem agora. Não bem, bem, mas bem, quem está bem?

E sabe, eu também achei por um tempo que eu era plenamente auto-suficiente. Achei que todo tempo com alguém era um tempo a menos comigo. E me adequei tanto a só ter tempos comigos que fui deixando todo mundo com seus próprios tempos... mas fiquei sozinho. E puta, quando fiquei sozinho tive tanto tempo pra mim, que mim sentiu saudade do eu com os outros. Sentiu saudade daqueles momentos. Que droga...

Porque eu costumava não me criar problemas. Ah eu era tão bom nisso que meus pais teriam medo do meu poder de desvio, de ilusão, de inexistência. E por não criá-los acabei com aqueles que inventaram pra mim. Mas não culpo os outros. Aquele que se fechou no seu mundo, quando conseguiu voltar pro mundo alheio sofreu pra se adaptar. Não se adaptou, morreu. Bem assim mesmo.

E hoje fico com saudades. Fico de novo com saudades. E não é saudade dela. É saudade de tudo. Sinto saudades de cada riso que dei nos meus anos anteriores, sinto saudade de poder ser vento, de poder não ser nada. Saudade de sentar no chão, de deitar na água. Ah, como eu sinto saudades de poder ficar bravo com meus compromissos, de poder querer voltar pra casa, de não querer ir e não querer estar, de querer correr, beber, comer. Saudades de momentos em que me surpreendia com o mundo, saudades que pessoas que me surpreendiam só por existir, saudades de músicas que me faziam rir e chorar. Eu tenho saudades de poder chorar. Saudades de quando não me sentia seco, insensível, amargurado, de quando eu não sentia prazer em ser chato, em ser ruim, de quando meu prazer vinha de coisas prazerosas. Saudades de quando eu era mais humano, saudades de momentos que não precisei apagar pra me manter adequadamente sano, ai que saudades sinto da minha inocência. Que saudades sinto de ser enganado e não sofrer, aquela saudades de quando eu não tinha um coração embrulhado apertado demais e quando sentia ele bater livremente. Saudades de não ter, não querer e deixar que pessoas chegassem e saissem da minha vida de acordo com o que podiamos nos dar naquele momento. Porque eu sinto uma saudades louca de morrer todo dia e acordar de manhã sem querer ver o sol, eu sinto uma saudades desgraçada de não ser eu, uma saudades doentia de não querer ser alguém, ah aquela saudades dos banhos maltomados na chuva e do barro grudado na minha unha, saudades de ser tão raquítico que precisava de pregas nas minhas calças e saudades das minhas roupas com velcro e elásticos, saudades de quando odiava ser criança e saudades de quando odiei começar a ser adulto. Saudades bobas de encontrar quem eu amo no onibus e saudades de quando não amava ninguém pra encontrar. Tenho tantas saudades, que sinto saudades das fontes que deixei de usar, das histórias que não li e de momentos que só fingi viver. Sinto saudades de quando acreditava em mudanças, saudades de quando não acreditava em nada. Eu sinto saudades.

Eu não sinto nada; ah eu nem sou.

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Ótica mental cheia de hortelã!

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