Desce
do carro. Outra carona, outro desconhecido, outras horas em silêncio se
contorcendo no banco em uma estrada inacabável. Sente o frio já previsto e se
culpa por ter esquecido os casacos. Em cima da cama. Em outra cidade.
Junta
as malas, agradece. Paga. Caminha em direção ao ponto. Ponto de ônibus. De
chegada, de partida. Encosta na mureta e espera. Liga o telefone, disca. Cobra
“Cadê você? Já estou aqui”. Em resposta “10 minutos”. Já se passaram vinte.
Pensa de novo nas blusas que deixou em cima da cama. Pragueja. 30 minutos.
A
nova carona chega. Entra no carro, cumprimenta, silencia. Está a 250km de lugar
nenhum. Não entende pra onde volta ou pra onde vai. Se arrepende por chegar.
“Estou bem”. Tudo certo? “Tudo”. Encurta o assunto, fecha o vidro. Busca o
cigarro que não pode fumar. Pragueja, mentalmente.
Escuta
as novidades. Processa o que escuta, soma ao que leu e se arrepende por vir.
Não se interessa por aquilo. Deixa que as palavras se afundem no silêncio. Não
se preocupa. As lágrimas esquentam os olhos. Não caem. Seriam só outras
lágrimas. Já secaram.
A
paisagem corre pelo vidro do carro. “Tá com fome? Se tiver precisamos pedir
algo”. Só o velho descaso, desinteresse? Não sabe, diz que não tem fome,
silencia de novo. “Tá bravo?”. Não. Arrependido, apegado. “Só cansado, não
dormi direito”.
Chegam.
Desce, abre, fecha. Liga a TV. A novela fora de horário preenche os vazios que
conversa nenhuma tenta cobrir. Serve-se de um iogurte. Insosso. Deita e espera.
Logo o final da semana finda finalmente. Logo chega onde não quer. Logo, pega
outra carona.
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Guii
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Guii
on sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Desce
do carro. Outra carona, outro desconhecido, outras horas em silêncio se
contorcendo no banco em uma estrada inacabável. Sente o frio já previsto e se
culpa por ter esquecido os casacos. Em cima da cama. Em outra cidade.
Junta as malas, agradece. Paga. Caminha em direção ao ponto. Ponto de ônibus. De chegada, de partida. Encosta na mureta e espera. Liga o telefone, disca. Cobra “Cadê você? Já estou aqui”. Em resposta “10 minutos”. Já se passaram vinte. Pensa de novo nas blusas que deixou em cima da cama. Pragueja. 30 minutos.
A nova carona chega. Entra no carro, cumprimenta, silencia. Está a 250km de lugar nenhum. Não entende pra onde volta ou pra onde vai. Se arrepende por chegar. “Estou bem”. Tudo certo? “Tudo”. Encurta o assunto, fecha o vidro. Busca o cigarro que não pode fumar. Pragueja, mentalmente.
Escuta as novidades. Processa o que escuta, soma ao que leu e se arrepende por vir. Não se interessa por aquilo. Deixa que as palavras se afundem no silêncio. Não se preocupa. As lágrimas esquentam os olhos. Não caem. Seriam só outras lágrimas. Já secaram.
A paisagem corre pelo vidro do carro. “Tá com fome? Se tiver precisamos pedir algo”. Só o velho descaso, desinteresse? Não sabe, diz que não tem fome, silencia de novo. “Tá bravo?”. Não. Arrependido, apegado. “Só cansado, não dormi direito”.
Chegam. Desce, abre, fecha. Liga a TV. A novela fora de horário preenche os vazios que conversa nenhuma tenta cobrir. Serve-se de um iogurte. Insosso. Deita e espera. Logo o final da semana finda finalmente. Logo chega onde não quer. Logo, pega outra carona.
Junta as malas, agradece. Paga. Caminha em direção ao ponto. Ponto de ônibus. De chegada, de partida. Encosta na mureta e espera. Liga o telefone, disca. Cobra “Cadê você? Já estou aqui”. Em resposta “10 minutos”. Já se passaram vinte. Pensa de novo nas blusas que deixou em cima da cama. Pragueja. 30 minutos.
A nova carona chega. Entra no carro, cumprimenta, silencia. Está a 250km de lugar nenhum. Não entende pra onde volta ou pra onde vai. Se arrepende por chegar. “Estou bem”. Tudo certo? “Tudo”. Encurta o assunto, fecha o vidro. Busca o cigarro que não pode fumar. Pragueja, mentalmente.
Escuta as novidades. Processa o que escuta, soma ao que leu e se arrepende por vir. Não se interessa por aquilo. Deixa que as palavras se afundem no silêncio. Não se preocupa. As lágrimas esquentam os olhos. Não caem. Seriam só outras lágrimas. Já secaram.
A paisagem corre pelo vidro do carro. “Tá com fome? Se tiver precisamos pedir algo”. Só o velho descaso, desinteresse? Não sabe, diz que não tem fome, silencia de novo. “Tá bravo?”. Não. Arrependido, apegado. “Só cansado, não dormi direito”.
Chegam. Desce, abre, fecha. Liga a TV. A novela fora de horário preenche os vazios que conversa nenhuma tenta cobrir. Serve-se de um iogurte. Insosso. Deita e espera. Logo o final da semana finda finalmente. Logo chega onde não quer. Logo, pega outra carona.
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