Já é noite.
As luzes se apagaram, estou sozinho na escuridão.
Não tenho medo, mas não me sinto seguro
As sombras por todos os lados me agridem de certa forma
Atingem meu âmago
O que eu fiz pra merecer?
Talvez a culpa, o remorso
Talvez todas as coisas passadas
Todos meus pecados
Todos.
E eu aqui na escuridão
Não reconheço meu lugar... não vejo estrelas
A crueldade profana o solo escuro
Mas que solo?
Nem mesmo esse posso ver...
Ouço passos, vozes
Sou guiado, inconscientemente por caminhos que não quero percorrer
Como se uma mão invisivel tocasse meu ombro
Como se um amigo oculto me dissesse "Faça"
O sol teima em não raiar
Passo horas, horas, e mais horas
E nada de luz... sou cego... já não sei mais
Os monstros se aproximam de mim
As coisas da qual eu fugi enquanto havia luz, enquanto havia algo
Todos mortos
"Você fez isso"
"Você condenou"
"Você julgou e matou"
Os mortos deveriam continuar mortos
Deveriam esperar do outro lado do véu
Amargando tudo aquilo
Enquanto você tentava consertar em vida
Acreditando numa esperança inútil
Numa fagulha de luz que não surge.
Porque aqui no escuro não há ninguém para segurar minhas mãos?!
Para me dizer o que fazer!
Sò as vozes que gritam em desespero
Berram e imploram por ajuda
Almas atormentadas, e que agora me atormentam
Se isso for o inferno então deve ser só o começo
Enquanto me afundo no limbo e perco minha sanidade
Sanidade? Como posso tocar nisso agora
Estou na escuridão, ouvindo passos, vozes e berros
Pedindo ajuda a mãos invisíveis,
Demônios sedentos pela minha alma
E eu ainda me penso como sano
Sou obrigado a gargalhar
E na escuridão o som é vazio...
Estranho.
[continua...]
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