Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

Um péssimo amigo. Se definia assim. Dentro dele sabia que o máximo que podia dar pra alguém era algo daquilo que ele era. Aos poucos, se aproximava, amigavasse e quando via, olhava o amigo e se via no espelho. Se encantava com a possibilidade de entrar na pessoa, invadir cada espaço, vazio ou cheio, de poluir e sujar o coração. Quando via, tinha tanto de si naquele amigo considerado que se assustava.

Era realmente uma pessoa ruim. Amargo, ácido. Amarelo, escuro. Doente, louco. Chato, mesquinho. Ah, deus era belo, como era. Mas pecados deixam tantas marcas que era triste aquela face. Mas era interessante. Era um ser interessante como uma nova galáxia, quanto fusão de átomos, quanto um navio afundado. E quem não se interessaria?

Fácil era o modo de se induzir. Invadir e ao sair deixar um ser que não se conhece mais. Com o tempo, eram suas músicas, eram seus filmes, seus livros. Eram suas palavras narradas pela boca de outra pessoa. E não ficavam melhor. Eram tão ruins e feias, que seriam ruins e feias em qualquer pele, qualquer vazio.

Felicidade era poder destruir tantas essências. Não existia felicidade maior. E se fazia isso com outro, logo outro fazia com outro e com outro e com outro.

Um dia acordou e foi atendido por si mesmo. Pediu por um táxi e foi ele quem dirigiu. Almoçou e foi ele quem serviu. Olhou no espelho e já não reconheceu-se mais. Tinha tantos de si que a sua parte na história agora era obscura, confusa. Tinha se espalhado tanto pelo mundo que agora que o mundo era ele, ele já não se encontrava em lugar nenhum.

No desespero, se jogou de 13 andares. Enquanto caia se viu nas janelas, nos parapeitos, se viu nos carros lá embaixo. Notou-se em tudo que tinha feito, tudo que tinha tocado, tudo que tinha um pouco de si. Tocou no chão. Antes de deixar seu último ar sair, antes de saber que deixava a última parte de si ali, pode reparar que nada tinha de seu.

E assim morreu.

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Um péssimo amigo. Se definia assim. Dentro dele sabia que o máximo que podia dar pra alguém era algo daquilo que ele era. Aos poucos, se aproximava, amigavasse e quando via, olhava o amigo e se via no espelho. Se encantava com a possibilidade de entrar na pessoa, invadir cada espaço, vazio ou cheio, de poluir e sujar o coração. Quando via, tinha tanto de si naquele amigo considerado que se assustava.

Era realmente uma pessoa ruim. Amargo, ácido. Amarelo, escuro. Doente, louco. Chato, mesquinho. Ah, deus era belo, como era. Mas pecados deixam tantas marcas que era triste aquela face. Mas era interessante. Era um ser interessante como uma nova galáxia, quanto fusão de átomos, quanto um navio afundado. E quem não se interessaria?

Fácil era o modo de se induzir. Invadir e ao sair deixar um ser que não se conhece mais. Com o tempo, eram suas músicas, eram seus filmes, seus livros. Eram suas palavras narradas pela boca de outra pessoa. E não ficavam melhor. Eram tão ruins e feias, que seriam ruins e feias em qualquer pele, qualquer vazio.

Felicidade era poder destruir tantas essências. Não existia felicidade maior. E se fazia isso com outro, logo outro fazia com outro e com outro e com outro.

Um dia acordou e foi atendido por si mesmo. Pediu por um táxi e foi ele quem dirigiu. Almoçou e foi ele quem serviu. Olhou no espelho e já não reconheceu-se mais. Tinha tantos de si que a sua parte na história agora era obscura, confusa. Tinha se espalhado tanto pelo mundo que agora que o mundo era ele, ele já não se encontrava em lugar nenhum.

No desespero, se jogou de 13 andares. Enquanto caia se viu nas janelas, nos parapeitos, se viu nos carros lá embaixo. Notou-se em tudo que tinha feito, tudo que tinha tocado, tudo que tinha um pouco de si. Tocou no chão. Antes de deixar seu último ar sair, antes de saber que deixava a última parte de si ali, pode reparar que nada tinha de seu.

E assim morreu.

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Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!